ARIEL SHARON

Por incrível que possa parecer, Ariel Sharon é, neste momento, o fiel da balança entre os interesses dos radicais israelitas e os interesses dos radicais palestinianos. Aquele que agora se encontra entre a vida e a morte, apesar de ter um histórico militar e de confronto com os palestinianos, tornou-se, com o poder, um moderado, conseguindo, com essa moderação, levar a alguns acordos e algumas evoluções no processo de paz do médio oriente. Ao contrário da morte da Arafat, que afastou um radical, deixando no seu lugar um dirigente palestiniano moderado, Habas, a possível morte de Sharon acabaria com todas as possibilidades de vitória do seu novo partido moderado, partido este que criou após ao romper com os radicais de extrema direita do Likud, em face da oposição destes em levar por diante o plano de retirada da faixa de Gaza. Se Sharon morrer, os radicais de direita ganham novo alento, depressa regressarão ao poder, com Benjamin Netaniahu, o que levaria a uma rápida inversão de políticas, aumentaria a crispação entre judeus e árabes no médio oriente, poderia levar inclusive a uma reocupação da faixa de Gaza, o que, inevitavelmente conduziria a uma guerra numa das zonas mais explosivas do Iraque. Aquele que por muitos radicais é considerado como mau para o médio oriente é, neste momento, a sua salvação, e da vida de Sharon depende a paz do médio oriente.