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  • sábado, janeiro 14, 2006

    sábado, janeiro 14, 2006

    COÇAR ONDE É PRECISO E A ÉTICA DE PINA MOURA

    José Pedro Gomes fez ontem, em Seia, um espectáculo que eu nunca imaginei que fosse possível. Em primeiro lugar, porque quem conseguiu que ele cá viesse nunca deve ter visto a actuação antes de a ter contratado, caso contrário não o faria. E não o faria, porque as inúmeras criticas sociais e políticas feitas pelo excepcional actor assentam que nem uma luva no PS, críticas essas que muitos desse actores políticos não aceitam e muito menos apoiariam através do pagamento a alguém para aqui vir dize-las. Ainda bem que contrataram sem ver antes, porque foi um espectáculo excelente de alguém que não se conforma com o satus quo do nosso querido Portugal. Serve esta introdução para dizer que, em diversas ocasiões, numa das várias criticas políticas feitas no espectáculo, o brilhante actor referiu situações em que presidentes das câmaras, que o são há muitos anos, têm a tendência de ir metendo nelas os familiares, os amigos, os familiares dos seus vereadores, etc, etc, etc. Ora, numa análise genérica do poder autárquico em Portugal, sabemos que este fenómeno é recorrente e, a meu ver, absolutamente inaceitável. Para mim, sem ser em cargos de nomeação política, os familiares dos Presidentes de Câmara e dos seus vereadores não poderiam ser permitidos trabalhar nessas Câmaras Municipais – salvo se já lá trabalhassem antes de os familiares assumirem as funções políticas –, durante os seus mandatos e nos 8 anos seguintes à cessação de funções do familiar, se se mantivessem no poder a mesma força politica por que havia concorrido, a sós ou em coligação. Por uma questão de transparência e de ética. Assim como Pina Moura não deveria poder ser presidente de qualquer empresa em áreas que haja tutelado, no mínimo, nos 10 anos seguintes a cessar as suas funções como Ministro, e nunca enquanto mantivesse o cargo de deputado, uma vez que o que se está a passar agora com a Iberdrola não é ético, no meu ponto de vista – e pelos vistos no de mesmo muita gente, basta ler os jornais. Se assim fosse, permitir-se-ia evitar as suspeições que ora se levantam. Da mesma forma, não considero ser ético na situação de emprego dos familiares dos políticos porque, apesar de todas estas condutas serem legais, elas também levantam sempre um lastro de impressão que algo ali está mal, facto que não sucederia se tal fosse incompatível, podendo até levar a situações piores. Imaginem a situação de um presidente Câmara que vai dando emprego a familiares seus e dos seus vereadores, em posições chave e de relevo e que depois perde as eleições ficando na oposição com intuito de voltar quatro anos depois. Qual seria a posição dos familiares? A de apoiarem a pessoa contra quem o seu pai, marido, filho, etc, luta, ou a de obstaculizarem o seu trabalho no sentido de facilitar a volta do seu familiar ao poder? E mesmo no âmbito desse familiar, em que posição ficaria se ficasse sob a batuta de um novo presidente, sujeitando-se a que este desconfiasse da sua lealdade, fazendo-lhe a vida negra só por esse motivo? Todos sabemos que é assim que funciona e, a meu ver, não deveria ser. Ora, se assim não fosse, todas estas situações se evitariam, aumentando a transparência e a ética no desempenho dos cargos públicos. Certo é que se assim fosse sempre viriam alguns dizer que todos têm o direito a emprego e que não podem ser prejudicados por serem familiares de políticos, mas a isso respondo que os políticos não são obrigados a sê-lo e se isso prejudica os familiares, que abdiquem da política. Afinal, não dizem todos sempre que não precisam da política para nada…

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