CONTORCIONISMO IDEOLÓGICO

Mário Lino, Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações é um acérrimo defensor da OTA como solução para os problemas da Portela. Ao que me pareceu, ao ouvi-lo no programa Prós e Contras da RTP, também não é avesso, antes pelo contrário, à privatização da ANA, entidade pública que gere todos os aeroportos nacionais. Esta sua apetência pela privatização provocou um dos momentos altos do debate quando Carmona Rodrigues, Presidente da Câmara de Lisboa lhe disse que este Mário Lino era o mesmo que até 1989 tinha sido militante do PCP, partido que era, como ainda é, radicalmente contra as privatizações. Estas variações ideológicas tão profundas são difíceis de compreender e, quanto muito, quem foi radicalmente contra as privatizações, pode agora não ser contra mas também não será, com certeza, acérrimo defensor das mesmas. Este tipo de variações ideológicas por conveniência parecem costumeiras no PS, pois já não é a primeira vez que alguém que foi do PSD, fez campanha pelo CDS, aparece no PS como se defendesse esse partido e as suas ideias desde pequenininho. O último caso, quase idêntico a este, é o de Freitas do Amaral, fundador do CDS e agora ministro do governo PS. O contorcionismo ideológico não é, de facto, algo muito abonatório, politicamente falando, claro.